O aplicativo “Rainbow” é rigoroso. Na hora do teste de aprovação, os prestadores de serviço precisam mostrar conhecimento sobre o comportamento social e o respeito ao público LGBTI. As perguntas que compõem a seleção dos novos credenciados tratam deste a avaliação de termos como “opção sexual” e “homossexualismo” até questões relacionadas às reações comportamentais, perguntando qual seria a reação do prestador de serviço se no carro, restaurante ou espaço de trabalho dele entrasse um casal homoafetivo e começasse a manifestar carinho.
A ideia é de Edmar Bulla, do Grupo Croma. “Nós enquanto sociedade não fomos treinados como padrão a lidar com esse tipo de diversidade. Nós somos uma sociedade no Brasil extremamente machista, extremamente egoísta, individualista e sexista. Por isso eu acredito muito que um aplicativo como o Rainbow, que é de serviço, ele não vai só ganhar adeptos na comunidade LGBTI, mas também de outras situações sociais e tribos, inclusive o gênero feminino”, diz o desenvolvedor.
A partir deste domingo (28), Dia do Orgulho LGBTI, o aplicativo estará aberto para prestadores de serviço que tiverem interesse de se cadastrar. Cerca de 7 mil parceiros já foram aprovados no teste do código de conduta ética e poderão passar a atender os clientes pelo aplicativo, com taxas de 15% a 20%, quando ele for lançado ao público – a previsão é daqui a duas semanas.
Os que já foram cadastrados se enquadram em 24 categorias, como serviços de transporte, manutenção, terapias variadas, cuidados com animais aulas e serviços de beleza, por exemplo. No primeiro momento os serviços se concentram na região metropolitana da cidade de São Paulo.
Isolamento x solidariedade
Para fazer o aplicativo, a Croma usou uma série de pesquisas próprias que baliza as investidas da companhia, como levantamentos sobre a própria Covid-19.
“No tracking da pandemia, a gente pergunta para as pessoas: por que você optou pelo isolamento social. E existem várias opções para serem respondidas, uma delas é amor ao próximo, respeito à sociedade e outras alternativas são: por interesse próprio, por autopreservação e preservação dos meus familiares, das pessoas próximas. Essas últimas são o topo da escala. ‘Amor ao próximo’ e ‘consciência social’ estão lá no final da escala”, diz Bulla.
Para ele, o aplicativo pode ajudar a mudar um pouco esse cenário – ou pelo menos lembrar da importância de observar isso. “Nós vivemos uma sociedade em que essas causas e bandeiras infelizmente ainda precisam ser veementemente, fortemente e publicamente levantadas”, completa.