Familiares protestam após um mês de tragédia que matou oito pessoas na BR-277

Familiares das oito vítimas que morreram no trágico acidente na BR-277, no início do mês passado, se reuniram na manhã desta quarta-feira (2) para pedir justiça. O protesto acontece exatamente um mês após a colisão envolvendo 22 veículos, entre caminhão, carros e motocicletas. Morreram Emanueli de Fátima dos Santos Ferreira, de 23 anos, Jurema Elvira Ferreira dos Santos, 43 anos, Guilherme Henrique Ribas, de 28 anos, Lucas Moreira, de 24 anos, Ester Nunes de Oliveira, 20 anos, Fernando Jaroz Mendes, 20 anos, Jessica Oliveira, 22 anos, Jéssica de Souza, 22 anos.

Eles se reuniram no trecho do acidente na BR-277, no quilômetro 76, na pista sentido São José dos Pinhais. Com faixas, camisetas, flores e cartazes, todos pedem que haja uma conclusão do inquérito policial. Na manifestação, relembraram o acidente e a dor da ausência.

A irmã de Lucas Moreira, cabo do Exército Brasileiro, disse que foi a primeira vez que retornou ao local, depois do acidente. “Voltar aqui nesse local. Estive aqui no dia do acidente, mas não deixaram a gente chegar perto, então não sabia que era ele. Só soube que era o Lucas na segunda-feira, quando passei a ir atrás dele em hospitais e tudo quanto é canto. Parece que não é verdade. Meu pai está destruído, coitado. Minha mãe está à base de remédio”, contou a irmã Letícia Moreira, detalhando que também perdeu outro irmão, de apenas 12 anos. “Em casa, de infarto. Muito triste”, completou.

A mãe de Jéssica, que estava no carro junto com Lucas, disse que a filha iria embora do país no fim do ano. “Minha irmã me contou por telefone e eu vim até aqui, foi difícil por conta do coronavírus. Ela tinha nacionalidade espanhola e iria comigo embora fim do ano”, contou Lucimara à Banda B.

Bastante emocionado, Altamir de Souza, pai de Jéssica e Ester, esteve presente na manifestação e falou sobre a dor que sente após a perda das filhas. “Me arrancaram um pedaço de mim e nunca mais volta, só ficou a dor. Hoje faz 30 dias e não quero que nenhum pai passe isso porque é uma dor insuportável”, disse ele, aos prantos, em entrevista à Banda B.

Driele Ribas Linhares é irmã do motociclista Guilherme Henrique Ribas e, também emocionada, diz que ainda custa a entender o que aconteceu. “Vir aqui faz aumentar ainda mais a dor. Só queria poder abraçar ele, de novo. Dizer que vamos cuidar da filha dele, que era isso que ele queria. Era uma pessoa incrível, não tinha o que reclamar, cheia de vida, de sonhos. Não entra na nossa cabeça como isso aconteceu”, relembrou.

Os familiares afirmam que as colisões envolvendo os veículos poderia ter sido evitada caso a Ecovia tivesse tomado medidas de precaução. A Polícia Civil deve concluir o inquérito e apresentar ao Ministério Público do Paraná (MPPR).

O acidente

O acidente na BR-277 aconteceu no dia 2 de agosto, na região dos motéis, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, envolvendo 22 veículos causou oito mortes. As colisões aconteceram por volta das 22h30. Entre os veículos – um caminhão, cinco motocicletas, 15 carros e uma viatura da Polícia Militar (PM). Cerca de dez ambulâncias foram acionadas. Ao todo, foram 23 feridos no local.

O acidente aconteceu no quilômetro 76, na pista sentido São José dos Pinhais. Segundo testemunhas, uma fumaça escura proveniente de queimadas às margens da rodovia teria ocasionado a falta de visibilidade dos motoristas na rodovia. O caminhão envolvido no acidente teria sido o último a colidir contra os carros e motociclistas, arrastando-os pela rodovia.