A afirmação é do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. A declaração ocorreu na tarde desta terça-feira
O governo russo admitiu a possibilidade de usar armas nucleares, caso ocorra o que autoridades do país chamam de “ameaça existencial”, durante a guerra na Ucrânia.
“Temos uma doutrina de segurança interna, e ela é pública. Você pode ler nela todas as razões para o uso de armas nucleares”, disse à jornalista americana Christiane Amanpour.
Nem Peskov nem a doutrina de segurança russa explicam o que constituiria uma “ameaça existencial”. A expressão vaga deixa brechas para interpretações sobre a hipótese de que uma eventual derrota na guerra, mesmo contra a Ucrânia, representaria ameaça à própria existência russa.
Peskov acrescentou: “Se for uma ameaça existencial ao nosso país, então podem ser usadas de acordo com nossa doutrina”.
Antes, o presidente russo, Vladimir Putin, deixou o mundo atento ao determinar que “forças nucleares” entrassem em estado de alerta. Ele negou, contudo, que tivesse a intenção de atacar a Ucrânia com esse tipo de armamento.
Acordo de paz
A guerra avança pelo 27º dia de conflito. Russos e ucranianos ainda não encontraram um consenso mínimo para pactuar o acordo de cessar-fogo.
Ministros dos dois países adiantaram, nesta terça-feira (22/3), suas expectativas para os próximos dias. A Rússia cobrou celeridade nas negociações de paz. Na contramão, a Ucrânia acredita em, ao menos, mais três semanas de bombardeios.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse que a guerra deverá acabar em duas ou três semanas. Segundo o ministro, a Rússia tem poucos suprimentos para continuar a investida militar. Nesta terça, o porta-voz do governo do Kremlin (sede do governo russo), Dmitri Peskov, pediu que as negociações fossem retomadas. “Gostaria que as negociações fossem mais enérgicas, mais substanciais”, destacou o representante de Vladimir Putin.
Zelensky quer reunião
Na tentativa de uma reunião com Putin, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, admitiu que pode entregar o controle de regiões separatistas, como Donbass e Crimeia – anexada ao território da Rússia em 2014. Nesta terça-feira (22), em entrevista exibida pela TV estatal ucraniana, Zelensky voltou a propor uma conversa com Putin para discutir o fim da guerra.