Se você tem adotado um estilo mais casual e confortável neste período de quarentena, você não está sozinho nessa. Muitos que têm adotado o home office por causa da pandemia, têm dado um descanso ao jeans, ao sapato e também às camisas que levam tempo para passar e ficarem desamassadas. Com a vinda do isolamento, o comportamento do consumidor mudou e empresas de vestuário têm apostado no loungewear — aquele estilo de roupas bem confortáveis para ficar em casa.
A tendência do conforto não só em casa, mas também nas ruas e no trabalho não começou com a pandemia. Aos poucos, o mercado da moda têm apostado em conforto e praticidade, com tecidos tecnológicos e modelos que vestem sem incomodar. A diretora do Procon-PR, Claudia Silvano, que sempre apostou no conforto, chegou a ter seu estilo despojado de ser vestir comparado com pijamas. Ela mesmo já brincou com a ideia e até fez uma aposta com o Procon-RS, que poderiam render na “aposentadoria” do seu estilo colorido e estampado.
“Meu guarda-roupa sempre foi confortável. Ele teve mudanças, mas nunca foi desconfortável, essa é uma premissa básica”, conta Claudia. E mesmo quando houve a necessidade de trabalhar em casa, durante o início da pandemia, a diretora sempre se arrumou como se estivesse indo ao Procon. Pijama no home office? Nada disso. “Eu tenho que me arrumar como se tivesse indo ao trabalho, não consigo levantar e trabalhar direto, de pijama”, conta.
Para Claudia, o conforto ao se vestir ajuda na produtividade. “A roupa confortável te ajuda a sentir melhor. Eu tenho a sorte de poder me vestir dessa forma, nem toda a empresa aceitaria”, explica. Na visão da diretora, as pessoas precisam ser avaliadas pelo trabalho que fazem e não pela maneira como se vestem. “Quando você pode ser o que você é, vai trabalhar melhor, produzir mais, ser mais feliz. As empresas têm que apostar e investir nisso”, sugere.
E com um guarda-roupa colorido e bem estampado para o dia-a-dia, que já rendeu inclusive repercussão nacional, Claudia Silvano tem seus pijamas mais discretos. Engana-se quem acredita que suas roupas de trabalho são também roupas para dormir. “Tenho pijamas e eles não são coloridos como as minhas roupas, que são confortáveis e não são pijama. Eles são sóbrios de cor lisa, igual aos pijamas de todo mundo”, revela.
Tendência de mercado
A quarentena tem feito mudanças no comportamento do consumidor e também nas empresas que trabalham com vestuário. “O consumidor está procurando por roupas leves, confortáveis, por causa do home office. Esta foi a principal mudança para os negócios da moda”, explica a consultora do Sebrae Beatriz Poletto.
Para manter-se no mercado, as empresas hoje precisam buscar parcerias e se reinventar. O consumidor está procurando por peças mais casuais, e a tendência é que o estilo que prioriza o conforto aumente ainda mais. “Mais casual mesmo, mais conforto, atrelado a beleza. Esse é o futuro”, salienta a consultora. Os jovens são os que mais buscam esse consumo por roupas confortáveis, sem contar a pegada social. A indústria da moda, segundo Beatriz, tem que aproveitar para conquistar esse público também e não só o geral.
As marcas, que agora precisam dar opções de conforto para os usuários, também precisam atingir o público com entrega diferenciada. Isso porque o isolamento social fez com que as vendas on-line fossem necessárias, já que as vendas presenciais diminuíram. “Muitos tiveram que iniciar do zero o e-commerce, assim como as entregas, contratação com transportadoras. Para muitas empresas, isso ainda era distante. Elas esperavam a venda na loja física e isso não aconteceu”, conta a consultora.
Aumento nas vendas
Juntou o combo inverno e quarentena e logo as vendas da loja Cia do Pijama, no Boqueirão, aumentaram. “Houve um aumento de uns 30% a mais do que já era esperado. A gente trabalha com loja física e também com entrega, que está saindo relativamente muito bem”, conta a venderora Morgana Muller de França.
Morgana e a mãe, Ana Vergínia Muller, cuidam das vendas da loja. A filha, das vendas pelo WhatsApp e a mãe com as vendas na loja. Com a ajuda da tecnologia, as vendas deram uma boa guinada. “A gente não tem site. Então a pessoa entra em contato pelo whats, eu envio fotos e a venda é efetuada. Como é pronta entrega, são vendas rápidas”, explica Morgana.
O aumento das vendas da loja, que trabalha com roupas para ficar em casa e também com linha maternidade e cirúrgica, tem aliviado o período que poderia ser de forte crise. “Vendemos pijama que não tem cara de pijama, e na quarentena esse é o modelo que mais sai”, revela a vendedora.
A nova forma de vender pelo WhatsApp, que é administrada pela Morgana, tem sido um desafio. “Demanda trabalho. Faço foto das peças com o pijama aberto, dobrado, da costura de dentro. Tem que ser detalhado porque a pessoa vai ver pela primeira vez. As pessoas querem ter certeza da qualidade”, revela. Mesmo assim, a vendedora acredita que o trabalho vale a pena. “Tanto no Instagram como no Facebook, as pessoas comentam bastante da qualidade dos nossos produtos”.