Governo do Paraná distribui mais 178 mil testes rápidos aos municípios

A Secretaria de Estado da Saúde vai distribuir nos próximos dias mais 178 mil testes rápidos para detecção de anticorpos contra o Sars-CoV-2 aos 399 municípios do Paraná. Eles se somam aos 52,4 mil já entregues para as Regionais de Saúde em abril. O aumento dessa modalidade de testagem será de quase 240%, contemplando mais de 230 mil unidades.

Os testes serão aplicados em profissionais de saúde, da segurança pública e pessoas próximas a eles (familiares, por exemplo), desde que apresentem sintomas, conforme a primeira orientação da Secretaria. A estimativa é de que esse público seja de 738 mil pessoas, ou cerca de 6,44% da população paranaense. A Covid-19 pode impactar até 15% desse grupo.

A novidade é a inclusão de potenciais doadores de órgãos e de pessoas que morreram com suspeita de Covid-19, sem que o material genético tenha sido coletado para teste ou com teste em andamento.

As unidades serão distribuídas para as Regionais de Saúde, que farão as transferências para os respectivos municípios. Os testes deverão ser aplicados em um serviço de saúde designado pelas prefeituras, o que permite atendimento centralizado e orientado para evitar aglomerações. Londrina e Curitiba deverão designar dois locais para concentrar os testes.

“O Paraná tem trabalhado com a estratégia de ampla testagem, uma das maiores do País, o que nos permitirá fazer barreiras pontuais de acordo com a evolução de casos”, afirma o secretário da Saúde, Beto Preto. “Os testes rápidos são fundamentais nesse olhar clínico sobre a doença”.

MAPEAMENTO – A entrega de mais testes de detecção de anticorpos contra o Sars-CoV-2 permitirá mapeamento ainda mais detalhado do comportamento do vírus no Paraná, além de eventual implementação de novas medidas de isolamento, acompanhamento e intervenção.

“As pesquisas sorológicas ajudam na investigação de um surto em andamento e na extensão da epidemia em determinado território”, afirma a diretora de Vigilância e Atenção em Saúde da Secretaria da Saúde, Maria Goretti David Lopes. “Essa ferramenta para auxílio no diagnóstico ajuda a manter a indicação do isolamento de pessoas com síndromes gripais, autoriza retorno de servidores às atividades laborais e traça um perfil da fração da população para subsidiar políticas públicas”.

Os resultados dos testes rápidos começaram a ser incluídos no boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde no dia 27 de abril – são 110 confirmações até esta quarta-feira (6). Segundo a nota técnica, os negativos não excluem a infecção e positivos não podem ser usados como evidência absoluta. Os resultados devem ser interpretados por médicos com auxílio dos dados clínicos e exames laboratoriais.

COMO FUNCIONAM – Os testes rápidos enviados pelo Ministério da Saúde utilizam amostras de sangue do paciente para identificar os anticorpos IgM/IgG. O material é coletado na ponta do dedo do paciente e o resultado é verificado após 15 minutos.

Como a Covid-19 exige notificação imediata, os resultados individuais de todos os testes rápidos devem continuar a ser informados, positivos ou negativos. Para isso, é preciso notificar o caso no Sistema Estadual de Notificação (Notifica COVID-19).

De acordo com o protocolo adotado para os servidores da saúde e da segurança pública, para atingir veracidade de 86% é necessário que o teste seja realizado após o 7º dia do início dos sintomas e apenas 72 horas após o desaparecimento deles, cumulativamente, o que evita um “falso-negativo”.

Numa situação hipotética, um profissional começou a apresentar os sintomas no primeiro dia de um mês e o médico orienta isolamento até o dia 15 (14 dias depois). Se no dia 6, em reclusão domiciliar, os sintomas desapareceram, no dia 9 ele poderá fazer o teste rápido sorológico. De acordo com o resultado, será adotada uma das seguintes condutas: positivo, manter o isolamento até o dia 15; negativo, retornar ao trabalho.

Os testes nos pacientes que buscam doação de órgãos darão mais segurança para esse procedimento. O controle em relação aos óbitos será feito pelas autoridades sanitárias municipais nos lugares onde os pacientes estavam internados.

FARMÁCIAS PRIVADAS – A Secretaria de Estado da Saúde também estuda a inclusão dos testes rápidos feitos nas farmácias privadas no boletim epidemiológico, desde que eles sejam habilitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e tenham validação no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz. As farmácias deverão preencher os resultados no Notifica Covid-19 para ajudar nas avaliações permanentes dos cenários.

A autorização para venda em farmácias foi concedida pela Anvisa no final de abril. Esses estabelecimentos não serão obrigados a disponibilizar o teste, mas se optar pelo procedimento deverá ter um profissional qualificado para realizar do exame. Essa liberação é temporária para o período de emergência de saúde pública.

EXAMES – Os testes rápidos não substituem o exame RT-PCR, feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen-PR), por laboratórios públicos e privados, e pela Unidade de Apoio para Diagnóstico da Covid-19, localizada no Parque Tecnológico do Tecpar, em Curitiba. Esse é o “teste ouro” que identifica a presença do vírus. O exame laboratorial pode ser realizado com amostras nos primeiros dias de sintomas.

Nos próximos dias o Paraná vai ampliar a capacidade de realização desses testes em pelo menos 830%. Uma nova unidade, implantada em parceria entre o Lacen, o Tecpar e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, da Fiocruz, fará com que o número de testes diários no Paraná salte dos atuais 600 para até 5.600, englobando, também, testes para os outros estados da região Sul.

Os laboratórios das universidades estaduais ainda estão em processo de cadastramento e vão começar a realizar os testes nos próximos dias. A orientação é atender os pacientes das suas macrorregiões de Saúde.