Uma iniciativa conjunta entre o Governo do Estado, a Fundação Grupo Boticário e outras 90 instituições pretende melhorar a qualidade da água da Bacia do Miringuava, em São José dos Pinhais, e garantir a segurança hídrica da Região Metropolitana de Curitiba. O acordo que formaliza a participação do Estado no Movimento Viva Água foi assinado no começo desta semana pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, e o presidente da Sanepar, Cláudio Stabile.
O movimento vai trabalhar com cerca de 1.200 famílias de agricultores que produzem hortaliças na região da bacia, para levar boas técnicas de produção agropecuária que visam à conservação do solo e da água, além de agregar valor à produção e estimular o empreendedorismo entre os produtores rurais. As ações vão refletir na quantidade e na qualidade da água da bacia do Miringuava, que já é usada no abastecimento da Região Metropolitana, mas terá a capacidade dobrada com a construção de um novo reservatório pela Sanepar.
Ratinho Junior destacou que a iniciativa garante um cuidado maior a uma bacia que é essencial para o abastecimento de água na região e que também sofre com as consequências de uma das maiores estiagens da história do Paraná. “Hoje sofremos com a falta d’água por causa da falta de proteção das bacias, nascentes e olhos d’água no passado”, disse o governador.
“Para nós é fundamental ter a expertise e o conhecimento de 30 anos da Fundação Boticário de preservação e cuidado com o meio ambiente. Junto com a Sanepar e outros órgãos do Estado, há essa preocupação de fazer um projeto a médio e longo prazo para criar uma cultura e garantir a proteção ambiental”, afirmou.
A proposta, de acordo com o presidente do Grupo Boticário, é aliar a conservação ambiental ao desenvolvimento econômico e social. “É um projeto que envolve não apenas a conservação ambiental e a preservação da área da bacia, mas também traz a oportunidade de desenvolvimento econômico e social das pessoas que vivem e produzem na região”, explicou Grynbaum. “Vai apoiar a agricultura familiar, a parte do turismo e os comércios locais, ampliando a economia da região. A natureza conservada é base para uma boa economia e para a qualidade de vida das pessoas”, disse.
BARRAGEM DO MIRINGUAVA – A Sanepar investe R$ 160 milhões na construção da barragem do Miringuava, que vai incrementar em 38 bilhões de litros de água na reservação do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba, formado atualmente pelas barragens Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II.
Com a obra em processo acelerado para ser concluída ainda neste ano, para dar mais segurança ao abastecimento que hoje é afetado pela crise hídrica, a construção do reservatório vai dobrar a captação de água na bacia, passando dos atuais 1.000 litros/segundo para 2.000 litros/segundo. Ele terá capacidade para abastecer todo o município de São José dos Pinhais, além de parte de Curitiba e de Quatro Barras, atendendo cerca de 460 mil pessoas.
O trabalho do Movimento Viva Água vai permitir ampliar a infiltração da chuva no solo, aumentando a capacidade de produção de água na bacia. Com o uso de técnicas adequadas para evitar a erosão e diminuir a quantidade de agrotóxicos na produção de hortaliças, o objetivo é também melhorar a qualidade da água da represa em 30% nos próximos 10 anos.
“É um processo que atinge a bacia incremental, antes de chegar na barragem do Miringuava. A preservação da bacia é muito importante porque ela funciona como um filtro para a água que será usada no abastecimento”, explicou o presidente da Sanepar. “É um trabalho de manutenção e conservação de toda essa área, que também possibilita o desenvolvimento econômico da região, principalmente dos agricultores familiares”, afirmou Stabile.
“A bacia do Miringuava tem uma importância muito grande não só para São José dos Pinhais, como para a toda a Região Metropolitana, e que será ainda mais fundamental com a conclusão da nova barragem”, ressaltou André Ferretti, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação. “A ideia é que antes mesmo de concluir a barragem e encher o lago, preparar a região para prolongar a vida útil da represa, melhorar a qualidade da água e reduzir o custo de tratamento, garantindo a segurança hídrica”, explicou.
EXTENSÃO RURAL – Além da Sanepar, outros órgãos do Estado participarão do projeto, incluindo o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR Paraná), que será responsável pelos projetos de extensão rural junto aos agricultores. As ações de impacto ambiental atendem o chamado cinturão verde, área produtora de hortaliças que abastece a Grande Curitiba. Em São José dos Pinhais, 70% da produção vem da região do Miringuava.
De acordo com o diretor-presidente do IDR Paraná, Natalino Avance, a ação na região servirá de referência para outras microbacias de abastecimento do Estado. “Estamos criando um modelo de atuação mais intensiva, como técnicos com dedicação exclusiva para acelerar a adoção de um novo sistema que seja sustentável do ponto de vista ambiental, mas que também incremente a renda dos agricultores”, disse.
Ele ressaltou que a maior parte dos produtores já tem uma renda maior que a média, já que são fornecedores da Ceasa. “Temos que ter uma postura de proteção das nascentes e dos recursos naturais, mas também temos que resguardar a renda dos agricultores. Por isso o IDR vai coordenar as ações de assistência técnica na região para administrar esse projeto, que busca proteger o solo, a água e gerar renda”, salientou.
VIVA ÁGUA – O Movimento Viva Água conta com a participação de 90 organizações do poder público, iniciativa privada, comunidade, cooperativas, sindicatos, entidades empresariais, universidades, instituições de fomento, bancos e ONGs.
Pelo Governo do Estado, também participam a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Outros parceiros importantes são a GIZ, organização internacional financiada pelo governo da Alemanha; o Ministério da Economia e a prefeitura de São José dos Pinhais.
O projeto também compreende outras ações, incluindo capacitação dos produtores rurais, plantio de árvores e pesquisas com indústrias locais para a segurança e uso da água. São seis eixos temáticos, incluindo conservação, desenvolvimento, ecoturismo, articulação, redução da sedimentação e fortalecimento do cooperativismo. O trabalho será feito ao longo de 10 anos e abrange uma área de manancial de cerca de 160 quilômetros quadrados.
DIA DA ÁRVORE – O compromisso entre o Governo do Estado e a Fundação Boticário marca os 30 anos da instituição, completados neste 21 de setembro, e também celebra o Dia da Árvore. Após a solenidade, as autoridades plantaram duas mudas de espécies nativas no jardim que fica aos fundos do Palácio Iguaçu: uma de erva-mate e outra de canela sassafrás.
Cerca de 550 mil mudas foram distribuídas e plantadas nesta segunda-feira em todo o Estado para comemorar o Dia da Árvore. A ação faz parte do programa Paraná Mais Verde, da Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, que tem o objetivo de restaurar 506,23 hectares de áreas com mudas produzidas nos 19 viveiros do Instituto Água e Terra (IAT).
As mudas foram distribuídas e plantadas em todas as regiões do Paraná. Os viveiros do IAT cerca de 100 espécies nativas, inclusive as ameaçadas de extinção como Imbuia, Araucária e Peroba Rosa.
PRESENÇAS – Participaram da solenidade o vice-governador Darci Piana, os secretários de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; e do Desenvolvimento Sustentável e Turismo, Márcio Nunes; o chefe da Casa Civil Guto Silva; o diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky; e representantes do Grupo Boticário.