Maratona seleciona trabalhadores para startups

O Governo do Estado, por meio da Superintendência de Inovação da Casa Civil, ajudou a promover uma maratona de contratações e aproximação profissional para reforçar o ecossistema estadual de inovação. O Hackathon de Carreiras, idealizado pela Universidade Positivo e realizado no último sábado (30), focou apenas na área de tecnologia da informação (TI) e teve como objetivo enfrentar um dos principais gargalos do setor, a falta de mão de obra qualificada.

Duzentas pessoas foram selecionadas entre 2.183 inscritas para a fase final e a partir de segunda-feira (2) já começaram a se encaixar em empresas e startups paranaenses. A maratona durou 15 horas e se enquadrou dentro de duas estratégias estaduais: fomento ao pleno emprego em todas as áreas – o Paraná já é o quarto maior empregador do País no ano, segundo o Ministério da Economia – e ampliação da oferta de trabalho para o desenvolvimento do ecossistema de startups.

Henrique Domakoski, superintendente de Inovação da Casa Civil, afirmou que há, pelo menos, dez mil vagas abertas no Estado nessa área, e cerca de três mil apenas em Curitiba. “Um dos grandes desafios dos ecossistemas de inovação é a mão de obra qualificada. Para desenvolver essa rede precisamos ampliar a formação ou trazer pessoas qualificadas para o Paraná. Esse Hackathon ajuda a fazer uma espécie de match (encontro) entre as empresas e as pessoas”, afirmou.

Segundo o superintendente, a maratona abriu espaço para profissionais de vários perfis distintos com potencial para trabalhar com TI, não apenas formados em informática. “Buscamos, também, engenheiros eletricistas e profissionais das ciências exatas que não estavam empregados ou que trabalhavam como motoristas de aplicativo, por exemplo, em função distinta da formação original”, afirmou Domakoski. “Para o Estado é uma iniciativa excelente porque ajuda a suprir a demanda das empresas e atrai pessoas qualificadas, que, aliás, receberão bons salários. Isso é crucial para um ambiente de inovação forte”.

MAIS AÇÕES – Ele ainda destacou que o Paraná mantém programas perenes de financiamento a startups, incentivo de formação especializada nas universidades estaduais, parcerias com as administrações municipais para potencializar suas vocações e incentivo a ideias inovadoras em diversas áreas com participação da Fundação Araucária, Celepar, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Fomento Paraná e secretarias estaduais.

MOMENTO ÍMPAR – Para Kristian Capeline, coordenador do Centro de Tecnologia da Informação da Universidade Positivo, o Hackathon de Carreiras acontece em momento ímpar da inovação no Paraná, com a consolidação do sistema estadual de startups, aceleradoras, incubadoras, fundos de investimento e centros de pesquisa, e o Vale do Pinhão, em Curitiba, que movimenta ações de cidades inteligentes.

“Nunca vimos movimentação tão efetiva como temos vivenciado agora, nem do Governo do Estado, nem da Prefeitura de Curitiba, nem de outras instituições. É o momento de ouro para desenvolver ecossistemas de inovação”, afirmou Capeline. “Eu chamo esse momento de triunfo da era digital. Temos milhares de vagas em aberto, ao contrário do que o resto do País ainda vivencia, com desemprego e altas taxas de informalidade. As empresas se apresentam para os potenciais contratados, e não vice-versa”.

Segundo Capeline, a falta de mão de obra impõe ao empreendedor até mesmo apresentar projetos prontos aos concorrentes. Além disso, o dólar alto impede subcontratação de profissionais de outros países. “Temos que garantir oferta de mão de obra qualificada por aqui, possibilitar que esses profissionais eventualmente complementem sua formação, estudem por mais tempo, mas oferecendo soluções ágeis para negócios locais”, afirmou. “O elo fraco ainda é a mão de obra, as empresas têm esbarrado nisso. Esse movimento de aproximação é parecido com o que fizeram o Vale do Silício e a Estônia, país reconhecido pelo desenvolvimento tecnológico”.

HACKATHON – O evento reuniu profissionais da área de TI para uma maratona de workshops e desenvolvimento de novas competências para o mercado de trabalho. Esse formato permite contato menos burocrático entre empresas que possuem vagas abertas e pessoas que estão em busca de colocação profissional.

Foram 2.183 inscritos de 21 estados e 193 cidades. De acordo com o balanço da Universidade Positivo, 794 não eram do Paraná (36%) e 830 não eram exatamente da área de TI (38%).

Para a seleção, foram avaliadas hard skills (maiores competências), soft skills (competências regulares), lógica e aptidão técnica. Com o intuito de atrair participantes de várias regiões do País, o evento ofereceu ajuda de custo para quem residia a mais de 150 km de Curitiba.

No momento da inscrição, os profissionais fizeram testes de lógica, soft skills, gravação por áudio e foram avaliados por equipes de psicólogos. Eles também tiveram que fazer um desafio técnico e postar em uma rede social. Em seguida foram pontuados e apenas os 600 melhores foram convocados para o Hackathon presencial.

No dia do evento tiveram palestras com profissionais do mercado, da academia e da administração pública e também passaram por workshops. Ao final, receberam mais uma pontuação. Foram selecionados, então, os 200 melhores, que tiveram oportunidade de contar, em cinco minutos, aspectos da vida pessoal, profissional e dos desafios lançados ao longo da maratona.

As empresas que participaram do evento receberam os contatos e as avaliações dos melhores competidores e passaram a efetivar as contratações a partir de segunda-feira.



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