Menino faz e vende crochê para ajudar mãe com paralisia

André Luiz Cordeiro Müller, de 15 anos, tomou para si a responsabilidade de cuidar da família em seu lar no Centro de Garuva. Caçula dos quatro filhos da desempregada Luciene Aparecida Cordeiro Simão, 45 anos, e de Jorge Luiz Müller, morto em 2011 após uma parada cardíaca, ajuda na renda da casa confeccionando e vendendo peças de crochê. A decisão de ajudar a mãe, que tem paralisia infantil, partiu após vê-la procurar emprego, mas receber constantes nãos devido a sua condição.

Segundo o menino, a produção dos crochês começou há dois anos, apenas como um hobby que aprendeu um tanto com sua avó; um tanto com tutoriais no Youtube, em uma época que sua mãe ainda conseguia trabalhar, mas, com a piora dela e a chegada das dívidas, tomou a decisão de iniciar as vendas de seus trabalhos. “A primeira compradora foi uma dona de panificadora em Balneário Camboriú”, lembra orgulhoso.

O estudante do 9° ano da Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves conta que reveza os horários de estudo e trabalho, fazendo seus crochês antes e depois da escola, e que não tem vergonha de lidar com este tipo de artesanato, visto por muitos como uma atividade feminina. “Não precisa se esconder e nem sentir vergonha, pois é um dom de Deus, e , em tempos atuais, não existe mais trabalho feminino ou masculino”, destaca.

Atualmente, André está treinando para fazer bonecos de crochê, como o polvo feito por ele e utilizado para acalmar recém-nascidos.
Com o preço das peças de crochê entre R$ 40 e R$ 80 reais, André tem consciência de que seu ganho ainda é muito pouco, cerca de R$ 60 mensais; às vezes, nem isso, quando não há vendas no mês todo, mas, para sua mãe, seu gesto é o que importa.

André conta que, no período que começou a aprender o crochê, criou um ponto próprio, chamado por sua mãe de “Ponto do André”. Foto: Herison Schorr
“Agradeço a ajuda e admiro os trabalhos artesanais do André, confesso que sinto até um pouquinho de inveja, pois não consigo fazer. Tenho grande admiração pelo meu filho”, conta a mãe que recebe a gratidão do filho em cada ponto do crochê.

André revela a falta que tem de seu pai, que morreu quando o menino tinha apenas cinco anos de idade, e que a pensão que recebe após sua morte, cerca de um salário mínimo, tornou-se pouca com as dívidas da família, principalmente, do aluguel da casa que leva a metade da renda. Pensando no futuro, como forma de melhorar a qualidade de vida da mãe, o artesão sonha em fazer faculdade de pedagogia e tornar-se professor de séries iniciais.

Para encomendar os crochês de André, entre em contato pelo Whatsapp: 47 99783-6929.