Metalúrgicos da Renault reprovam pacote com 800 demissões voluntárias e greve não está descartada

Uma nova proposta deve ser apresentada na quarta-feira (22).

Após a negativa na última sexta-feira (17) da proposta feita pela Renault para demissão voluntária de até 800 trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba aguarda até a próxima quarta-feira (22) uma nova proposta da direção da montadora, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC).

A proposta negada em assembleia pela  maioria dos metalúrgicos da empresa engloba um Plano de Demissão Voluntária (PDV), Plano de Demissão Involuntária (PDI), a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), além da data-base.

De acordo com o Sindicato, o prazo de quarta-feira é para que a negociação seja retomada com a apresentação de uma proposta que seja de consenso. Caso contrário, os trabalhadores poderão entrar em greve.

A proposta tem como variável principal os reflexos da pandemia da Covid-19 no volume de produção e apresenta pontos preocupantes, a exemplo das “800 adesões necessárias ao PDV”, informa o comunicado da Renault.

Para o presidente do SMC, Sérgio Butka, “essa proposta é ruim para trabalhadores que saem e ruim para os trabalhadores que ficam”.

A unidade brasileira da Renault emprega 7300 trabalhadores que produzem os modelos Sandero Stepway, Logan, Kwid, Duster, Oroch, Master e Captour. A fábrica ainda conta com uma unidade de motores e injeção de alumínio.

Outro lado

Já a Renault coloca a razão da proposta a queda de 47% nas vendas do primeiro semestre desta no em comparação ao ano mesmo período do ano passado.

Em comunicado aos colaboradores, o Presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, diz:

“Desde o início da Covid-19 no país, a nossa primeira preocupação foi com a saúde de todos os nossos colaboradores. Por isso, aplicamos uma série de medidas para a preservação da saúde.

Estamos passando por uma crise sem precedentes, que além das vidas perdidas, transformou a rotina de todos nós, tem gerado fortes impactos na economia de todo o mundo e também na indústria automotiva.

No Brasil, o mercado do 1º semestre foi 39% menor em relação ao mesmo período do ano passado, e as nossas vendas ficaram 47% abaixo em relação ao primeiro semestre de 2019.

Ainda não temos clareza de quando esta crise vai acabar. As previsões indicam que o mercado brasileiro pode levar até 5 anos para se recuperar.

É importante lembrar que a necessidade de melhorar a competitividade da Renault do Brasil vai muito além dos impactos gerados pela pandemia. Precisamos conquistar novos projetos para garantir o nosso futuro.

Além disso, no final de maio, o Grupo Renault anunciou o projeto de redução de custos fixos em todo o mundo, e o Brasil deve dar a sua contribuição.

Neste contexto, a Renault do Brasil vem buscando negociar com o Sindicato de forma a encontrar soluções para esta situação.

Nos últimos meses, adotamos várias medidas de flexibilidade como os dias não trabalhados (DNT), a antecipação de feriados, férias coletivas e a adoção da MP 936, com redução de jornada e salário, como reações a curto prazo.

No entanto, a situação a que chegamos nos obriga a estabelecer medidas definitivas, que ajustem a nossa estrutura à demanda de mercado para os próximos meses e anos, além de definirmos condições de competitividade para a sustentabilidade do nosso negócio e a defesa da alocação de um novo produto para o futuro.

Portanto, fizemos todos os nossos esforços para apresentar nossa proposta final que representa as condições mínimas para superar os desafios que destaquei acima, mas de uma forma equilibrada, que entendemos que seja adequada e respeitosa a você, colaborador, que tanto valorizamos, frente ao atual contexto. Essa proposta que estamos formalizando para o Sindicado e prevê como principais pontos:

• Medidas de Adequação de Efetivo.

• Medidas de Competitividade (nos pilares de previsibilidade, flexibilidade e custos que temos falado nos últimos meses).

• Elegibilidade da Renault do Brasil para receber um novo produto no CAS no futuro, em caso de validação dessas condições.

Nesta situação difícil, a Renault do Brasil está fazendo todos os esforços para que as pessoas possam passar por este momento da melhor forma possível.

A aplicação desta proposta depende de ser colocada em votação pela Entidade Sindical e aprovada pela maioria dos colaboradores. Esperamos o bom-senso e a convergência de todos para essa solução de forma conjunta e equilibrada.

Espero que esta crise passe o mais rápido possível, que a nossa saúde não seja mais uma preocupação constante, que a economia do país volte a crescer e o mercado automotivo se reestabeleça.

Estamos agindo para minimizar os impactos da crise e ao mesmo tempo, para viabilizar o futuro do nosso negócio, que significa também o futuro das milhares de famílias que dependem da Renault do Brasil“,  diz o presidente.

Proposta negada na sexta-feira:

A Renault propõe a implementação de Programa de Demissão Voluntária – PDV:

•Indenizacão:
*Salário nominal sem redução
• Plano Médico integral, inclusive para dependentes, até junho de 2021:
• Vale mercado até Dezembro de 2020
• Demais verbas legais: aviso prévio, férias indenizadas / proporcionais: 13º salário proporcional: liberação do FGTS;
multa de 40% em relação ao FGTS;
• Pagamento da primeira parcela do PLR
• isenção de Imposto de renda para as Indenizações:
• A adesão ao PDV dá quitação plena do contrato de trabalho.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

O número de adesões necessárias = 800

OBS: empresa desligará como PDI o número de faltantes para os 800 PDV’s, com pagamento das verbas rescisórias
normais, Plano Médico até dezembro de 2020 e vale mercado até outubro de 2020.

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO

Compondo o pacote, propõe a celebração de Acordo Coletivo de Trabalho, com o seguinte conteúdo:
• Vale-mercado em 2020, 2021 e 2022 (corrigido pelo INPC);
• Primeira parcela PLR em 2020; será de R$ 8.500,00 em 21/07; em 2021 R$ 13.500,00, e 2022 R$ 13.750,00 a serem pagas no dia 10 de maio dos respectivos anos;
• Data Base de 3 anos, sem reajuste em 2020/2021 com pagamento de abono de R$ 3.500,00 em 21/07/2020.
• PLR 2020/2021/2022 com metas de 374.616 mil unidades ano.
• Pagamento para 100% das metas em 2020 de R$ 26.500,00, em 2021 de R$ 27.000,00 e em 2022 de R$ 27.500,00;
• Tabela de cargos e Salários – Redução de 20% em 2022 para os novos contratados e os demais permanecem em suas
faixas.
• Terceirização: a partir de 2022 de 350 cargos que hoje não são considerados atividade fim na empresa, podendo ser
antecipada para 2021;
• Possibilidade de aplicação de até 12 DNTs por ano, se necessário consecutivos, com possibilidade de compensação
dentro do período do acordo. Conforme regras atualmente vigentes (6×8, anúncio DNT 24hrs de antecedência,
convocações para compensação com 24hrs de antecedência). Saldo de DNTs ainda não utilizado, também possíveis
de serem compensados até o final de 2022.
• Calendário de Feriados e Dias Pontes;
• Possibilidade de Aplicação da antiga MP936, hoje MP14020 e Lay-Off;
• Ficam mantidas as demais clausulas e condições conforme Acordos Hoje Vigentes, inclusive taxa de 3% e redutor no cartão SmcCard;
• Em caso de aprovação em assembleia desta sexta feira dia 17/07 na troca do primeiro e segunda turno, o respectivo
pacote deverá ser ratificado em segunda votação por todos os empregados da empresa pelo
www.votasmc.com.br/renault.