O episódio teve início com um protesto pacífico contra o racismo na Praça Santos Andrade e terminou com o vandalismo de parte dos manifestantes.
O balanço da confusão no Centro Cívico, em Curitiba, na noite desta segunda-feira (01), contou com oito pessoas presas e um policial militar (PM) ferido. O episódio teve início com um protesto pacífico contra o racismo na Praça Santos Andrade e terminou com o vandalismo de parte dos manifestantes e com a intervenção das equipes policiais.
O coronel Moraes, subcomandante-geral da PM, conta que a polícia acompanhou todo o ato e que, conforme os manifestantes avançavam para frente do Palácio Iguaçu, comportamentos violentos já começaram a ser observados. “A PM manteve um policiamento em torno da Santos Andrade, acompanhando com uma certa distância a concentração. Isso foi feito de uma maneira tranquila e técnica. Quando soubemos que eles iam se deslocar para frente do Palácio, mantivemos o acompanhamento à distância. Nesse deslocamento já começamos a detectar alguns comportamentos tendendo à violência”, relatou Moraes.
O comportamento de alguns manifestantes foi tolerado pela polícia, segundo o coronel, até o momento em que pedestres foram incomodados e o patrimônio público e privado começou a ser depredado.
Fogo na bandeira do Brasil
Entre os alvos dos vândalos, esteve inclusive a bandeira do Brasil a meio-mastro na frente da sede do Governo do Estado, como símbolo de luto pela morte de três servidores públicos estaduais mortos em acidente na BR-277, nesta segunda-feira.
“Eles tiveram o desrespeito com esses agentes públicos que faleceram hoje e arrancaram essa bandeira e queimaram ela. No fim da operação, tivemos um policial ferido e algumas prisões isoladas daqueles que estavam exaltados. Não temos notícias de nenhum ferido da parte deles”, afirma o subcomandante-geral da PM.
Um grupo denominado “Antifas” teria sido identificado pelo Serviço de Inteligência da PM como líderes das movimentações que exigiram a reação da polícia. Porém, integrantes de outros movimentos, incluindo universitários, estariam entre os responsáveis pela confusão.
A operação para controlar os manifestantes contou com cerca de 200 policiais. O PM ferido teve lesões leves no braço após receber pedradas contra seu escudo.
De acordo com informações da PM, o protesto contou com aproximadamente 1 mil pessoas. O detidos foram encaminhados para o COPE (Centro de Operações Policiais Especiais).
Protesto
A manifestação teve início às 18h, na Praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná (UFPR), e aconteceu de forma pacífica. Após o ato, uma parte dos manifestantes seguiu em passeata até o Centro Cívico, onde agências bancárias foram depredadas e a intervenção das equipes policiais aconteceu. O Shopping Mueller, a sede do Fórum de Curitiba e comércios também foram alvos de vandalismo.
Em nota, a Prefeitura de Curitiba informou que houve registro de danos em algumas estações-tubo na região do Centro Cívico e pontos de mobiliário urbano na Praça Tiradentes, Nestor de Castro.
Com o slogan “Vidas negras importam!”, a manifestação foi organizada pelo Facebook e a descrição da página do evento no Facebook explica que o protesto é “contra o genocídio da população negra”.
“Não somos todos iguais! Somos mortos todos os dias pela cor da nossa pele, por nossos traços, por sermos periféricos e favelados! Queremos equidade, queremos ser vistos ocupando todos os espaços que também são nossos e nos é tirado. Queremos estar VIVOS!”, escreveram os organizadores na página do evento.
Organizadores
Em nota, a organização do ato contra o racismo afirma que a manifestação foi feita de maneira ordeira e que o vandalismo foi de autoria de infiltrados que desejam a criminalização do movimento. Leia a nota na íntegra:
“A organização do ato CONTRA O RACISMO EM CURITIBA vem a público manifestar que, diferentemente do vinculado nas redes sociais e na imprensa, os manifestantes, além de utilizar proteção para evitar a propoagação da epidemia de COVID-19, comportaram-se de maneira ordeira, em defesa da democracia e contra o racismo!
O ato foi um sucesso. Reuniu muitas pessoas, teve uma atmosfera esperançosa por dias melhores.
Nossa luta é por igualdade, contra o racismo, a violência contra jovens negros nas periferias, a proliferação de grupos que propagam o ódio e o genocidio de brasileiros promovido pela falta de uma política clara de saúde durante esta pandemia.
Infelizmente, no final do ato, em uma dispersão de alguns poucos, houve vandalismo contra o patrimônio público. O que, ao nosso ver, é muito estranho e suspeito e representa a presença organizada de infiltrados que desejam a criminalização do movimento.
O uso de força excessiva por parte da polícia demonstra também a incapacidade de diálogo e a opção pela agressão.
Conclamamos a união de curitibanos de forma individual ou através dos movimentos sociais para a defesa da democracia contra o racismo.
Assinam esta nota
Movimento Feminista de Mulheres Negras, Bando Cultural Favelados da Rocinha FAVELA, União da Comunidade dos Estudantes e Profissionais Haitianos ( UCEPH), J23 – Juventude do Cidadania, Rede nenhuma Vida a Menos, Apoio do Grupo Dignidade e da Aliança Nacional LGBTI+ e Coletivo Enedina da UTFPR”