Douglas Roque, de São José dos Campos (SP), investe em abertura de negócios imobiliários e arquitetônicos na cidade de Fabbriche di Vergemoli, na Europa.
Já sonhou em morar na Europa? Quanto você pagaria por uma casa na Itália, na região da Toscana? O empresário Douglas Roque, de São José dos Campos (SP), pagou 1 euro. Ou cerca de R$ 6, de acordo com a cotação do euro nesta semana. Parece até pegadinha. Mas esse é um projeto que começou a ser divulgado nos últimos anos por prefeitos italianos de cidades pequenas. E, calma: o investidor não gasta só 6 reais, não. Entenda a seguir como funciona.
Comprar casa na Itália por 1 euro?
A Itália tem mais de 5 mil cidades com menos de 5 mil habitantes. Cidades bem pequenas e com poucas ofertas de trabalho ou estrutura para atrair novos moradores. Isso sem falar no envelhecimento da população e no despovoamento desses municípios, com moradores migrando para centros maiores.
A prefeita da cidade de Sadali, por exemplo, com cerca de 800 habitantes, deu a seguinte entrevista para a BBC Brasil: “As aldeias medievais são a essência da Itália. É preciso reconstruir a nossa ideia de país, dando maior valor aos pequenos povoados e fazendo com que eles se tornem acessíveis e prazerosos para se viver. Um lugar onde as pessoas queiram morar”, declarou Romina Mura.
Então, em resumo, funciona assim: as prefeituras criam campanhas para despertar o interesse de investidores do mundo inteiro. Mas é preciso seguir uma série de regras e normas. Inclusive se comprometer a investir na restauração daquela residência. Eles não usam a palavra reforma, porque são projetos tombados pelo patrimônio histórico mundial da Unesco. Na lista de regras temos: pagar todas as taxas de contrato, cartório, água, luz e etc; apresentar projeto de reestruturação do imóvel; iniciar a restauração com a autorização governamental; contratar um seguro que garante o término da obra em prazo estipulado; entre outras.
Ou seja, o investimento não vai sair só por 1 euro, não. Mesmo com apoios financeiros oferecidos pelas prefeituras, como vale mensal para família que se transferir para a cidade, entre outros incentivos.
Joseense trocou futebol americano pelo projeto das casas
O joseense Douglas Roque, de 48 anos, conheceu a Itália durante viagem de competição de futebol americano. Ele ainda trabalha na área de esportes em São José. Mas ao descobrir o “Progetto Case a 1 Euro” ficou encantado. Com a ajuda de um amigo italiano e arquiteto, abriu uma empresa para facilitar a vida de pessoas interessadas em comprar casas em pequenas cidades da Itália.
Douglas e o sócio criaram um site para fazer a intermediação de investidores interessados em morar na Itália, cuidando de toda parte jurídica e burocrática da transação. No site já são mais de 20 pessoas cadastradas e com a documentação adiantada para a mudança.
“Por conta da pandemia, a burocracia fica ainda mais demorada. Mas já fizemos amizade com o prefeito de uma cidade. Ele está feliz da vida com o nosso apoio. Virou amigo. Ele mesmo vem indicando a nossa empresa como facilitadora e estamos muito otimistas. O futebol americano parou com essa crise toda. Eu poderia ter ficado sentado e chorando. Mas me levantei e corri atrás dessa nova oportunidade”, detalhou o joseense.
Fabbriche di Vergemoli
Douglas comprou duas casas na Itália. As duas são na cidade do “prefeito amigo”, Michele Giannini, e se chama Fabbriche di Vergemoli, na região da Toscana. Uma das casas ele pagou 1 euro e está no processo de restauração. E a outra, fora do projeto, investiu 40 mil euros para a compra. Há um condomínio de casas na região, o Borgo Di Vetriceto, que já conta com lista de espera de interessados no investimento. A cidade de Fabbriche fica a 100 km de Florença e tem cerca de 800 habitantes.
“Brasileiros com cidadania italiana estão muito interessados. Porque como facilitadores, nós apresentamos programas do governo que diminuem impostos, como Eco Bônus, Super Bônus. Há um decreto, por exemplo, para sair em Fabbriche di Vergemoli com deduções de 110% para as obras e sistemas de renovação de imóveis, visando economia de energia e proteção ambiental de casas e edifícios. São intervenções sísmicas ou de reconstrução de energia a custo zero para as famílias”, afirmou Douglas.
O brasileiro se impressionou com a valorização da cultura na região. O patrimônio histórico da cidade de Fabbriche di Vergemoli chama a atenção de todos os turistas, segundo Douglas.
“A região é fantástica. Eles organizam uma tarde de leitura de poesias, por exemplo. E já reúne 200, 300 pessoas ouvindo as poesias e vivenciando aquela cultura. Viver aqui é respirar história e arte o tempo todo”, contou o empresário.
Família em São José dos Campos
A saudade de São José dos Campos já bateu. No início da crise do novo coronavírus, Douglas tentou retornar ao Brasil, mas não conseguiu. Aeroportos fechados e todos os cuidados com a pandemia. Agora, passados mais de 120 dias longe de casa, ele planeja uma nova estratégia. Conseguir organizar a viagem da mãe para a Itália.
“Não consegui sair da Itália por causa do coronavírus. Mas agora, com os negócios andando aqui e com o futebol americano parado, eu estou tentando fazer com que a minha mãe venha pra cá. Tomara que dê certo e que essa crise toda possa passar logo”, comentou Douglas.
A mãe, Sebastiana Alves Roque, do grupo de risco, segue isolada em São José dos Campos. Ela tem 80 anos de idade e fala todos os dias com o filho pelo telefone.
“Tenho saudade do meu filho. Mas ele me manda fotos da Itália. E já me levou para a região antes dessa pandemia. O lugar é lindo. Logo vamos nos ver novamente”, afirma Sebastiana.